terça-feira, 5 de novembro de 2013

Real Conquista, palco de mentira e demagogia

Em 2012, nesta mesma época, escrevi o artigo Real Conquista, palco de covardia e arrogância. (Leia o artigo em: http://www.dmdigital.com.br/novo/#!/view?e=20121113&p=20 ou http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=71983).

Hoje, reafirmo tudo o que escrevi nesse artigo e acrescento que o Real Conquista tornou-se também palco de mentira e demagogia.
No dia 24 deste mês, em que Goiânia completou 80 anos, o governador Marconi Perillo, logo cedo - como primeiro compromisso de sua agenda - fez uma visita ao Residencial Real Conquista, na Capital, para entregar dois mil cheques Mais Moradia Melhoria, no valor total de R$ 6 milhões. Ele atendeu a todas as pessoas cadastradas pela Agência Goiana de Habitação (AGEHAB), faltando somente, para serem contempladas, cerca de 400 famílias, que ainda não concluíram seus cadastros.
Estiveram também presentes no evento o secretário chefe da Casa Civil, Vilmar Rocha; o coordenador geral da OVG, Afrêni Gonçalves, entre outras lideranças políticas e do bairro.
Marconi declarou: “estou aqui para reafirmar que todos nesse Residencial serão atendidos”. Que governador bonzinho! Será que é uma dor de consciência de efeito retardado? Tenho minhas dúvidas, mas - se fosse - seria melhor tarde do que nunca.
Em todo caso, é bom refrescar a memória do governador, que foi (e ainda é) o principal responsável da pior barbárie praticada em toda a história (80 anos) de Goiânia e uma das piores do Brasil. A respeito do caso do Parque Oeste Industrial, as operações de despejo “Inquietação” e “Triunfo” de fevereiro de 2005 - verdadeiras operações de guerra - foram realizadas por ordem do governador Marconi, que, mentindo, se submeteu covardemente aos interesses financeiros dos “coronéis” de Goiânia (leia: os donos das grandes imobiliárias).
À epoca, existiam todas as condições legais e constitucionais para que aquela área, ocupada por cerca de quatorze mil pessoas, fosse desapropriada. Só não foi feita a desapropriação, porque o governador, aliado dos “coronéis” de Goânia, não quis. A ganância e a iniquidade prevaleceram. O requinte de maldade das operações acima foi tão gritante, que até hoje clama por justiça diante de Deus.
Pedro e Wagner foram assassinados à queima-roupa (suspeita-se, com razão, de outras mortes), diversas pessoas ficaram feridas e muitas outras - sobretudo crianças e idosos - morreram depois, em consequência das condições de vida subumans a que foram relegadas por mais de três anos.
O governador, recordando o seu envolvimento com a comunidade, há mais de oito anos, declarou: “eu venho a essa região antes mesmo de ela se transformar nessa cidade dentro de Goiânia. Me recordo de pedir ao então secretário Ademir Menezes que encontrasse uma área vasta, com excelente vista e propícia para acolher famílias que sofriam com aquela situação. Retornei aqui diversas vezes desde então, e hoje tenho a satisfação de trazer mais um benefício que contribuirá para dar mais dignidade às famílias que conquistaram o seu lar”. E finalizou, dizendo: “tenho satisfação de viver em Goiânia e de ajudar esse bravo povo que a elegeu para contribuir com a sua evolução” (http://www.dm.com.br/texto/148987-marconi-entrega-cheques-moradia-no-residencial-real-conquista).
Marconi, junto com os moradores presentes, cantou os "parabéns" em comemoração ao aniversário de Goiânia. "Não quis ir ao desfile hoje. Preferi estar aqui com vocês, entregando este presente, sentindo a vibração de todos e, juntos, comemorando os 80 anos da nossa Capital" (http://www.aredacao.com.br/noticias/35466/marconi-repassa-r-6-milhoes-em-cheque-mais-moradia-a-2-mil-familias). Que descaramento!
 Governador, o senhor não entregou nenhum presente. O senhor foi eleito para servir ao povo. Com os cheques Mais Moradia Melhoria, o senhor só devolveu uma pequena parte do dinheiro, que já é do povo. É mera obrigação sua e nada mais do que isso.
Na ocasião, Marconi afirmou ainda: “para mim, palavra dita é palavra cumprida. Estamos resgatando todos os nossos compromissos de campanha e entregando para o povo importantes obras e benefícios que acreditamos serem fundamentais para a melhoria da qualidade de vida dos goianos. Governo bom é aquele que investe em obras. Mas melhor ainda é o governo que investe no ser humano”. Que palavras bonitas, senhor governador!
Veja o que, à época, o governador Marconi falou a respeito da Ocupação “Sonho Real” do Parque Oeste Industrial. “O que eu vim dizer aqui agora é que eu não vou mandar a policia. Se tiver algum policial lá, algum comandante lá, vai ser demitido e eu não aceito - essa decisão está tomada. (...) Em relação a vocês, eu já tomei uma decisão: eu não vou cumprir a ordem de reintegração (...)” (http://www.midiaindependente.org/pt/red/2005/02/307719.shtml).
Sempre à época, numa reunião da qual participei, o governador declarou, em entrevista coletiva, que já estava decidida a despropriação da área. Lembro que os moradores da Ocupação “Sonho Real” fizeram festa.
Governador, o senhor não diz: “para mim, palavra dita é palavra cumprida”. Julgue o leitor!
Afinal, por que tanta mentira e tanta demagogia? Mesmo que, por interesses pessoais escusos, algumas falsas lideranças do povo, tenham traido seus companheiros/as (um comportamento mesquinho e repugnante), passando a bajular o seu algoz (e o senhor se aproveita disso), o nosso povo, governador, sabe o que quer. Pode, às vezes, por necessidade de sobrevivência, se fazer de bobo, mas não é bobo.

Chega de enganação! Lembre-se, senhor governador, a justiça humana pode falhar, mas a justiça divina nunca falha!

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